Mineide Hainzenreder

Atualmente resido em Morrinhos do Sul, RS. Sou professora e também ensino a Palavra na Escola Bíblica Dominical da minha igreja. Estou cursando licenciatura em Pedagogia na UFRGS, no pólo de Três Cachoeiras.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Temas Geradores e Pedagogia de Projetos


Os textos estudados me propiciaram compreender que, quando falamos em temas geradores, estamos falando em uma maneira de pensar e repensar a escola em todos os seus aspectos educacionais, inclusive nos diferentes saberes escolares, pois eles podem estender-se, tornando-se significativos, e desta maneira, criar possibilidades de descobertas e aprendizagens, no qual teoria e prática se fundem as experiências sociais, resultando em um espaço para o pensamento criar-se e recriar-se.

Desta forma uma prática pedagógica que contemple os temas geradores propicia aprendizagens significativas, onde o pensamento pode ser criado e recriado por meio de reflexões, diálogos e trocas de experiências.

Paulo Freire menciona que “o que se pretende investigar não são os homens, (...) mas o seu pensamento-linguagem referido à realidade”.

Uma prática pedagógica que trabalha com temas geradores, está intimamente ligada à valorização das individualidades e da cultura de cada aluno.

E a pedagogia de projetos, também é uma ferramenta muito importante, pois ele é “uma forma de organizar a atividade de ensino e aprendizagem... favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares... em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio”. Portanto, os Projetos nos permitem um modelo de aprendizagem significativa, onde os alunos serão co-partícipes no processo relacional entre as fontes de pesquisas.

Além disso, os projetos não se esgotam no horário da aula, nem deve ser aglutinador de todas as aprendizagens de sala de aula. Ou seja, outros assuntos podem ser trabalhados e acrescentados a cada projeto trabalhado, abrindo assim um horizonte infindo de possibilidades de interações, argumentações e aprendizagens. Isso ocorre, pois, os temas partem da necessidade, interesse, curiosidade e desejos do grupo, surgindo oportunidades para argumentação, como em rodas de conversas, que possibilitam a interação entre os temas e o contexto social – conhecimento construído a partir da realidade. Também é possível se trabalhar vários assuntos de várias áreas do conhecimento, interligando-as ao tema central.

Somente desta forma o aluno será capaz de compreender sua realidade, ler o que o cerca, para então, poder interagir com ela e modificá-la, atuando e transformando sua própria história.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Compreendendo os PAs




Este semestre, foi para mim, se dúvida alguma, um período de acomodação dos conhecimentos, como se o quebra cabeça se montasse. Esta compreensão mais ampla ocorreu principalmente na interdisciplina de Seminário Integrador VII, com a proposta dos PAs.

As atividades desenvolvidas depois da conclusão do Projeto de Aprendizagem oportunizaram a minha maior compreensão quanto à estrutura e a sistematização do PA. Durante o desenvolvimento da proposta, pude refletir e analisar meu posicionamento inicial por meio da intervenção da colega revisora, e isso me permitiu chegar a algumas conclusões importantes.

Talvez a maior delas, seja a importância do PA na construção do conhecimento dos alunos e até mesmo do registro histórico de uma região. Esta proposta de pesquisa pode trazer muitas oportunidades de descobertas à vida dos educandos, como maior conhecimento social, o que oportunizaria a participação deles no convívio com o grupo social.

E o mais interessante é que este processo de construção do conhecimento, que o PA propicia, vislumbra que viemos estudando durante todo curso, onde "ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (Pedagogia da Autonomia, pág.47).

Este processo de construção do conhecimento é bem descrito por Iris Elizabeth Tempel Costa e Beatriz Corso Magdalena “como um processo complexo de idas e vindas entre o que eu penso que sei”. Esta trajetória de idas e vindas foram bem marcantes durante o desenvolvimento do PA, que desafiou-nos na busca de novas descobertas, tendo como ponto de partida nosso interesse e curiosidade.

E é justamente esta curiosidade que devemos trabalhar em sala de aula, pois já disse Paulo Freire que “Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino".

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A Comunidade Surda

Sabemos que as diferenças geram um desconforto ao ser humano, pois tudo que é novo necessita de reflexão e, conseqüentemente, a incorporação delas a um hábito de vida e a uma forma de ver o mundo que eram diferentes até então.

E com as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, não é diferente. No entanto, quando estas diferenças não são aceitas e incorporadas a vida de outras pessoas, elas sofrem com o preconceito social, que vem se estendendo por décadas, caracterizando-se numa brusca ruptura de sua identidade e cultura.

Na reflexão sobre este tema a interdisciplina de Libras, forneceu textos e oportunidade para que eu pudesse rever e compreender melhor esta realidade, mais precisamente a da comunidade surda.

Pude perceber que todo individuo, independentemente de nacionalidade, cor ou credo, possui uma identidade distinta e sua cultura própria, e que, apesar das experiências adquiridas no seu convívio social e a influência destas sobre sua forma de pensar e agir, cada ser, possui suas características particulares, com suas preferências, gostos e costumes que diferem de pessoa para pessoa.

Desta forma, deve haver um respeito e valorização dos saberes das pessoas que possuem características diferentes, sendo elas físicas, culturais ou auditivas, e isto vale para nossos alunos, pois, somente assim, eles poderão compreender o mundo que estão inseridos e a si próprios, construindo sua auto-estima e valorizando-se como ser humano.

Os filmes “Meu nome é Jonas” e “O Garoto Selvagem” mostraram parte da discriminação que as pessoas ditas diferentes sofrem na sociedade.

O preconceito existente em relação às pessoas com deficiências ainda é muito grande e o nosso sistema educacional ainda está despreparado para receber alunos com necessidades educacionais especiais, o que dificulta a inclusão e a inserção destes alunos no ensino regular. Desta forma, o sistema os priva de interagirem com alunos não portadores de deficiência, restringindo a troca de conhecimentos, e privando-o de aspectos importantes na construção da identidade do indivíduo, por meio das relações que estabelece com o meio.

Também me chamaram bastante a atenção as relações estabelecidas entre a sociedade e a cultura surda durante sua trajetória histórica. A sociedade não considerou as reais necessidades da cultura surda como comunidade social e cultural, mas sim como mecanismo de pesquisa na tentativa de explicar uma cultura diferente das demais. Como se toda cultura fosse igual! Além disso, houve muito poucas manifestações de aceitação do surdo na sociedade, havia sim, um intuito de “curá-lo” desta doença, de torná-lo apto a falar oralmente, mesmo que por métodos ineficazes e que culminavam por tornar a cultura surda uma anomalia e não uma cultura independente e com suas características próprias.

O importante é que apesar de tantas lutas e batalhas, a comunidade surda está alcançando muitas conquistas sociais, pois atualmente, a educação está seguindo num rumo diferente onde as diferenças são vistas com características de extrema preciosidade, capazes de nos levar a um horizonte jamais imaginado.