Mineide Hainzenreder

Atualmente resido em Morrinhos do Sul, RS. Sou professora e também ensino a Palavra na Escola Bíblica Dominical da minha igreja. Estou cursando licenciatura em Pedagogia na UFRGS, no pólo de Três Cachoeiras.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A Comunidade Surda

Sabemos que as diferenças geram um desconforto ao ser humano, pois tudo que é novo necessita de reflexão e, conseqüentemente, a incorporação delas a um hábito de vida e a uma forma de ver o mundo que eram diferentes até então.

E com as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, não é diferente. No entanto, quando estas diferenças não são aceitas e incorporadas a vida de outras pessoas, elas sofrem com o preconceito social, que vem se estendendo por décadas, caracterizando-se numa brusca ruptura de sua identidade e cultura.

Na reflexão sobre este tema a interdisciplina de Libras, forneceu textos e oportunidade para que eu pudesse rever e compreender melhor esta realidade, mais precisamente a da comunidade surda.

Pude perceber que todo individuo, independentemente de nacionalidade, cor ou credo, possui uma identidade distinta e sua cultura própria, e que, apesar das experiências adquiridas no seu convívio social e a influência destas sobre sua forma de pensar e agir, cada ser, possui suas características particulares, com suas preferências, gostos e costumes que diferem de pessoa para pessoa.

Desta forma, deve haver um respeito e valorização dos saberes das pessoas que possuem características diferentes, sendo elas físicas, culturais ou auditivas, e isto vale para nossos alunos, pois, somente assim, eles poderão compreender o mundo que estão inseridos e a si próprios, construindo sua auto-estima e valorizando-se como ser humano.

Os filmes “Meu nome é Jonas” e “O Garoto Selvagem” mostraram parte da discriminação que as pessoas ditas diferentes sofrem na sociedade.

O preconceito existente em relação às pessoas com deficiências ainda é muito grande e o nosso sistema educacional ainda está despreparado para receber alunos com necessidades educacionais especiais, o que dificulta a inclusão e a inserção destes alunos no ensino regular. Desta forma, o sistema os priva de interagirem com alunos não portadores de deficiência, restringindo a troca de conhecimentos, e privando-o de aspectos importantes na construção da identidade do indivíduo, por meio das relações que estabelece com o meio.

Também me chamaram bastante a atenção as relações estabelecidas entre a sociedade e a cultura surda durante sua trajetória histórica. A sociedade não considerou as reais necessidades da cultura surda como comunidade social e cultural, mas sim como mecanismo de pesquisa na tentativa de explicar uma cultura diferente das demais. Como se toda cultura fosse igual! Além disso, houve muito poucas manifestações de aceitação do surdo na sociedade, havia sim, um intuito de “curá-lo” desta doença, de torná-lo apto a falar oralmente, mesmo que por métodos ineficazes e que culminavam por tornar a cultura surda uma anomalia e não uma cultura independente e com suas características próprias.

O importante é que apesar de tantas lutas e batalhas, a comunidade surda está alcançando muitas conquistas sociais, pois atualmente, a educação está seguindo num rumo diferente onde as diferenças são vistas com características de extrema preciosidade, capazes de nos levar a um horizonte jamais imaginado.